sábado, 14 de maio de 2011

Conceitos do jornalismo

Este livro define o trabalho jornalístico com um ponto de vista diferente de outros autores. Michael Kunczik tem a intenção de provocar uma reflexão crítica de nossa própria condição social e a instigar o senso de responsabilidade do jornalista para com a sociedade. O texto trata de fazer a teoria tão correspondente à prática.


Kunczik diz que o termo comunicador é usado para definir toda organização dos meios de comunicação, portanto qualquer pessoa que passe informação ou entretenimento está inserido nesta categoria. Para os jornalistas o termo comunicador deveria ser definido como pessoas que produzem o conteúdo dos meios de comunicação dentro de uma organização e que podem influenciar esse conteúdo.


Kunczik também cita Walter Lippmann. Dizendo que, segundo Lippmann, a rotina padronizada, as ideias que os jornalistas compartilham sobre valor da notícia (determinado por fatores como a clareza do evento, a surpresa, o conflito, o impacto pessoal, a proximidade geográfica) comprem uma função que alivia porque, sem padronização, sem estereótipos, negligência, algo insensível em relação ao pontos mais delicados, o jornalista logo morreria por excesso de excitação.


Grupo 3

O Ciberespaço como fonte para os Jornalistas


Este livro apresenta um guia comentado de fontes para jornalistas e pesquisadores. Com a autoridade de quem pesquisa jornalismo digital desde 1995 no Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line, o professor Elias Machado espera, com esta coletânea, oferecer subsídios para que o leitor possa perceber que, mais que uma ferramenta que otimiza o trabalho profissional, a tecnologia digital dá origem a um novo modelo econômico e a uma nova divisão social do trabalho. Segundo o professor Marcos Palácios (GJOL-UFBA), "Neste momento de crise do Ofício de Jornalista, o que este livro nos oferece são idéias. Não idéias pré-fabricadas, para imediata aplicação e satisfação garantida do usuário, mas idéias geratrizes, algumas vezes pouco ortodoxas, que convocam e arregimentam novas idéias, sugerem novos Modos de Ver. Há uma evidente relação entre Modos de Ver, Modos de Fazer e Modos de Usar. Sem que se ampliem os Modos de Ver, o Fazer e o Usar tendem a continuar ancorados às Artes do Passado. Este livro nos desafia a Refletir sobre tudo isto e muito mais, sem sugerir Consensos ou Palavras Finais. Este livro é um convite à Aventura da (re) Invenção do Fazer Jornalístico."

Grupo 4

Uma análise da imprensa de hoje



Grupo 3

Faces da Verdade



Grupo 2

A internet é a principal fonte de informação sobre a situação no Haiti



Grupo 6

Relações com as fontes de notícia na comunidade

Como não se faz bom jornalismo sem boas fontes de informação, também não se faz veículo comunitário sem boa apuração, sem contar com uma rede de informações confiável e suficientemente ampla para manter o jornal bem informado. Não é o fato da comunidade ser um universo fisicamente menor que o dos grandes centros urbanos que dispensará o jornalista de uma boa pauta e uma boa agenda com nome, endereço e telefone de seus contatos. A especificidade que se pode verificar no caso do comunitário é, naturalmente, a proximidade e quase "vizinhança" do repórter com a fonte, mas isto como que reproduz, por exemplo, o universo de Brasília, a cidade com a maior concentração de fontes do país nos palácios, nos ministérios, no Congresso, nas embaixadas, no Governo do Distrito Federal, nas autarquias etc.

A relação de proximidade com a fonte, seja ela física ou de qualquer outro tipo, é sempre uma relação potencialmente perigosa, que pode levar a um envolvimento sem retorno, a um nível em que a fonte passa a manobrar o veículo ao "plantar" informações de seu interesse. A eqüidistância ética e equilibrada ( nem proximidade demais que envolva interferência, nem distanciamento tal que não comporte um telefonema fora de hora ) deve ser valorizada e buscada pelo jornalista, e de forma tanto maior quanto mais próxima for a "vizinhança" com a fonte, conforme se dá no interior das comunidades.

Por isto este texto vai tratar do relacionamento com as fontes.

Quando trabalhamos com veículos comunitários não podemos dispensar o confronto e a diversidade de opiniões para passar ao leitor uma informação completa e bem interpretada. Agir sem essa preocupação é correr para as facilidades de um jornalismo superficial, rápido e sem apuração alegando a velha e esfarrapada desculpa da falta de tempo. Nasce daí um jornalismo faccioso, tendencioso, anti-ético, a serviço de grupos e não da comunidade.

Por menor que seja o universo de abrangência do veículo – ainda que seja apenas o jornal da escola – sempre será possível e necessário estabelecer o contraditório em busca da informação total, redonda, completa, justa, ética, para manter o receptor bem informado.

Isto tem a ver com boas fontes, mediante acurado trabalho de pesquisa ou apuração, através de entrevistas, consultas a publicações, documentos, bibliotecas, arquivos etc. Afinal, não há nenhum motivo para que um jornal comunitário não seja tão bem feito quanto um grande jornal. Apenas temos um micro-cosmo menor a ser trabalhado, mas as normas éticas de apuração são as mesmas, por isto todos devem respeito ao artigo 7º do Código de Ética do Jornalista Brasileiro: "O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação".

Assim, "se o repórter vai cobrir a queixa dos moradores de que uma indústria está poluindo um rio, deve ouvir não só os moradores, mas também os donos da indústria e as autoridades locais", alerta, de modo prático, o Manual de Telejornalismo da Central Globo de Jornalismo, ao definir isenção como a obrigação moral do repórter ouvir os dois lados de um assunto polêmico.

JORNALISMO DE COMPADRE

Na comunidade, muitas vezes corre-se o risco de fazer "jornalismo de compadre", para usar a expressão de Francisco José Karan ( em "Jornalismo, Ética e Liberdade". São Paulo: Summus, 1997) quando nos contentamos com a informação oficial sobre determinado assunto e não vamos checar, confrontar, repercutir a notícia antes de publicá-la, de tal modo que "os donos do poder" passam a considerar "aquele jornalista" totalmente "confiável", isto é, uma pessoa que divulga a informação que foi passada sem questioná-la, sem incluir outras abordagens, sem gerar "incômodos desagradáveis" etc, quando sabemos que a credibilidade, a confiabilidade devem vir do público, do universo alcançado pelo veículo e não deste ou daquele grupo, se queremos fazer jornal comunitário.

Um exemplo desse "jornalismo de compadre" é a "declaração não autorizada" do então ministro das Relações Exteriores, Rubens Ricupero, à Rede Globo nas eleições de 1994. Sem saber que os microfones estavam abertos, o ministro explicou o modelo de "transparência" do Governo FHC ao manipular índices inflacionários: "O que é bom a gente divulga, o que é ruim a gente esconde". Para Karan esse tipo de comportamento mostrou a promiscuidade entre a Globo e candidatura de Fernando Henrique Cardoso, num tipo de jornalismo que a emissora e o governo viam ( ou vêem ) como de interesse social.

Nas pequenas comunidades não é raro o jornal colocar-se a serviço do poder municipal, por exemplo, com o pretexto de que está servindo à população ao divulgar,sem questionar, sem repercutir - e muitas vezes na íntegra - as informações fornecidas pela prefeitura ou pela Câmara através de "press releases" ou entrevistas. É o "jornalismo de compadre".

É fácil explicar o interesse dos governantes em manipular a informação, seja na relação entre a Presidência da República e a poderosa Rede Globo, seja na imposição de um prefeito sobre um pequeno jornal que precisa da publicação dos atos oficiais para sobreviver. Francisco José Karan registra a declaração que Napoleão fez há 200 anos: "Se perdesse o controle da imprensa, não duraria três meses no poder". Quem duvida que o Brasil só conseguiu o democrático exemplo do afastamento de Collor da presidência, em 1992, depois que a Globo, pressionada pela opinião pública, retirou seu "apoio" ao Presidente?

Considerando que o veículo comunitário é "a leitura local", concluímos que dentro daquele universo ele faz as vezes da Globo, do Estadão ou da Folha, isto é, tem todas as condições de ajudar ou prejudicar os governantes. Mas é preciso que o jornalista jamais use o seu veículo com tal objetivo, daí a imperiosa necessidade de contar com outras fontes na divulgação das informações municipais ou comunitárias.

JORNALISMO OFICIAL

Compreende-se porque o jornalismo comunitário preocupa-se tanto em obter informações junto aos órgãos oficiais. Primeiramente eles precisam de informação e os governantes têm informação. Em segundo lugar, é das autoridades que os moradores reivindicam soluções para os seus problemas diários de segurança, buraco de rua, escolas, transporte coletivo, atendimento de saúde, fornecimento de água e luz, limpeza pública, coleta de lixo, taxas e impostos excessivos etc. Em terceiro lugar é sempre mais fácil e mais cômodo procurar as fontes oficiais que têm telefone e outras facilidades de serem alcançadas, que os dirigentes comunitários e as pessoas da própria comunidade.

É natural esperar que o jornalismo comunitário procure equilibrar o noticiário empenhando-se em dar espaço à comunidade e privilegiando as fontes comunitárias. Mas o comodismo de buscar antes as fontes oficiais é um defeito que não atinge só o comunitário, mas também a grande mídia. Rememorando os 30 anos iniciais do jornalismo brasiliense, conta Venício A. de Lima ( em "Jornalismo de Brasília – Impressões e Vivências". Brasília: UnB, 1993 ) que "a principal pauta do jornalismo de Brasília, tanto local quanto das sucursais, tem sido a ação do governo federal, entendido, aqui, sobretudo, como a ação do Poder Executivo. O Legislativo e o Judiciário ocuparam, historicamente, uma posição secundária nessa agenda, decorrência não só da atrofia provocada pelos 21 anos de autoritarismo militar, mas também da herança de nossa tradição política conservadora que sempre entendeu a política como reduzida ao estado, leia-se ao Poder Executivo".

Entretanto é necessário despertar a cidadania de modo que as comunidades percebam a força da sua organização, uma organização que será tanto mais possível quanto maior for o empenho ético do veículo comunitário de se comprometer com essa tarefa social. O sociólogo Betinho ( Herbert Viana ), em vídeo popular gravado em maio de 1996, com o título "Cultura Organizacional", para o Programa de Formação de Instrutores do Banco do Brasil, lembra aos formadores de opinião que eles devem valorizar a cidadania como "expressão de ação, de quem não espera acontecer, exercendo papel criativo e livre na construção de uma nova sociedade.." porque, segundo ele, "não é o Estado que salva a sociedade, é o cidadão que impõe uma política ao Estado democrático onde a pessoa mais importante não é o Presidente da República, é o Cidadão". Lembra o sociólogo que o cidadão constrói a democracia quando delega poderes ao estado, pelo voto, para que o estado possa gerir os recursos sociais a serviço da comunidade. E se o governante não cumpre o que lhe foi atribuído, então é afastado por impeachment.

A mania que a imprensa tem de privilegiar as fontes oficiais, muitas vezes estabelecendo-se aquela promiscuidade entre o repórter e a fonte, é chamada de "fontismo" por Gilberto Dimenstein e Ricardo Kotscho em "A Aventura da Reportagem" ( São Paulo: Summus, 1990): "O jornalismo independente e, portanto, com credibilidade, significa atritos com o poder – logo, com as fontes. Atritos implicam boicote. Os repórteres não recebem sequer as informações mais ingênuas, como a data e o local onde o ministro vai se reunir com empresários ou parlamentares. Mas os editores exigem de seus comandados boas notícias. É preciso, então, um malabarismo para que não se fique tão distante das fontes a ponto de perder a informação – e nem tão próximo que signifique deixar de publicá-la. A busca desse equilíbrio exige a procura de novos e variados canais de obtenção de dados, único mecanismo para não cair nas armadilhas. O esforço compensa: o jornalismo e os jornalistas servis ganham o curto prazo, dão aqui e ali um furo sem maior importância, mas, a médio prazo, sofrem desgaste em sua credibilidade. E por um simples motivo: os governantes passam, voltam para casa, mas o jornalista e o leitor ficam. Quem quiser ser jornalista e ambicionar agrados do poder e, ao mesmo tempo, o respeito profissional, é bom ir logo procurando outra atividade".

Em 1993 Geraldo Sobreira escreveu um manual para orientar as fontes de notícia no trato com os jornalistas. ( "Manual da Fonte – Como lidar com os jornalistas". São Paulo: Geração Editorial, 1993). E afirma: " Na relação entre o jornalista e a fonte – o profissional da política, dos negócios, da propaganda, da Justiçca, da polícia etc – os repórteres sabem que não se ganha informação de graça: a divulgação de uma notícia sempre tem um objetivo, que contraria uns e favorece outros".

Segundo ele, "em toda instituição, quem tem poder tem informação".

Mas a diretora de O Globo, em Brasília, Eliane Catanhêde, na mesma obra, define o que considera uma boa fonte de notícias na área oficial: " A fonte de verdade é uma pessoa bem informada. É quem tem informação, sabe para onde as coisas estão indo e cria fatos. Essas são as melhores fontes. Ela participa do poder, é bem informada sobre o poder e os partidos. E sabe passar isso de forma clara e isenta para os repórteres certos, na hora certa. Mas há também o homem do poder que é o contrário, que é uma má fonte. É o político, o homem de poder que tem medo da imprensa. Não dá informação, não recebe, não sabe nada de imprensa e acha que tudo é sigilo. Outro tipo é aquele que não desgruda, persegue o repórter, quer almoçar com ele toda semana,quer aparecer a qualquer custo sem criar fatos que justifiquem".

Geraldo alerta que "não é só o Governo que tem poder. A oposição é poder de fato, na medida em que influencia e altera decisões de governo, induz o comportamento da sociedade, cria fatos. O poder não está só o Palácio do Planalto ou no partido majoritário. Está no Congresso, nos sindicatos, nas entidades da sociedade civil, na Justiça, na polícia etc".

Mônica Waldvogel, na mesma obra, declara: "Eu respeito a fonte que, embora sabendo a verdade e não podendo falar, diz que não pode falar ou deixa isto claro.Detesto a fonte que mente, que fala uma coisa contrária àquilo que está acontecendo, porque quer esconder os fatos e coloca o repórter na pista errada".

SIGILO DA FONTE

Muitas vezes, na comunidade, a pessoa de poder, aproveitando-se da fragilidade econômica do veículo comunitário, tenta intimidar o profissional da imprensa, exigindo, entre outras coisas, que revele suas fontes de informação. A este respeito, Mário Erbolato ( "Técnicas de Codificação em Jornalismo". São Paulo: Ática, 1991) cita o artigo 71 da Lei de Imprensa: "Nenhum jornalista ou radialista, ou em geral as pessoas referidas no artigo 25, poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não podendo o seu silêncio a respeito sofrer qualquer sanção direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade".

Sobre o "sigilo da fonte", situação em que o repórter trabalha com "declarações em off", isto é, sem citar a fonte expressamente, Darcy Arruda Miranda ( Comentários à Lei de Imprensa. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969) observa: " Do mesmo modo que se asseguram aos profissionais das profissões liberais o direito ao sigilo, no que se refere às confidências de seus clientes e de quem foram depositários, o mesmo direito deve ter o jornalista, rádio-repórter ou o comentarista. Muitas vezes o profissional da imprensa, nas suas andanças em busca de informações, é obrigado a socorrer-se de fontes que não podem ser reveladas".

Segundo Miranda, a mesma lei que assegura ao profissional de imprensa o direito ao sigilo quanto às fontes de informação, respeita, também, este sigilo, donde a incriminação penal ( pelo art. 154 do Código Penal ) em caso de ser ele revelado sem anuência do informante.

Esse amparo legal assegura ao profissional da imprensa, na avaliação do jurista, maior amplitude na colheita ou busca de informações de interesse público, não ficando, de forma alguma, obrigado a revelar, em Juízo, a sua fonte ou origem que tanto pode ser pessoa como coisa ( uma revelação pessoal e sigilosa, uma conversa ou confidência acidental, a leitura de um documento confidencial ou não, a verificação de um fato ocorrido na intimidade dos bastidores, a descoberta de objeto ou pessoa procurada).

Também o art. 5º da Constituição Federal, em seu parágrafo XIV, assegura o direito de preservar a identidade da fonte: " É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional".

Portanto, é dever do estudante de Jornalismo e dos repórteres iniciantes informarem-se a respeito de seus direitos e deveres profissionais para exercerem plenamente a profissão no Jornalismo Comunitário. Afinal, a lei não faz distinção entre "tamanhos" de veículos, tanto assim que as penas para os crimes de injúria, calúnia e difamação são iguais para todos, devendo o jornalista responder pelo que publica. O próprio artigo 5º da Constituição é iniciado com a seguinte premissa: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza".

ASSESSORIAS DE IMPRENSA

Na comunidade, o jornalista terá fontes de informação na polícia, corpo de bombeiros, hospitais, associações, prefeitura, câmara, autarquias, justiça, representações de órgãos estaduais e federais, terminal rodoviário, clubes de serviço, clubes recreativos, escolas, agências noticiosas, Internet, outros veículos de informação, pessoas que se destacam nos esportes ou na cultura, cartas e telefonemas dos leitores e ouvintes, pessoas que procuram a redação, etc.

Cada vez mais, porém, o jornalismo, inclusive o comunitário, depara-se com a figura do Assessor de Imprensa quando procura informações em grandes empresas, sindicatos, órgãos públicos etc mesmo no interior.

Nestes casos é preciso estar atendo para o fato de que, normalmente, o compromisso do Assessor de Imprensa é com o seu patrão, enquanto o compromisso do jornalista é com o público. O foco de interesse da Assessoria pode não ser o mesmo que interessa ao veículo comunitário, daí a necessidade ética de submeter a informação da Assessoria ao crivo de outras fontes e, também, de repercutí-la com a própria comunidade.

Em "Assessoria de Imprensa-Teoria e Prática" ( Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto, 1993), Elisa Kopplin e Luiz Artur Ferraretto advertem que "pressionar para que notícias a respeito do assessorado sejam publicadas, sonegar informações de interesse, divulgar inverdades e defender os interesses de quem o contratou acima dos da população são problemas ainda freqüentes no mercado brasileiro de Assessoria de Imprensa. Em síntese, contrariam o Código de Ética da profissão e, não raro, prejudicam a imagem de quem é assessorado".

http://webmail.faac.unesp.br/~pcampos/RELACOESCOMASFONTES.htm

Grupo 3

A reportagem jornalística vista do ‘outro lado do balcão’

Por Carlos Castilho 

Um dos melhores pontos de observação da imprensa é o que poderíamos chamar de ‘o outro lado do balcão’, ou seja, como fornecedor de informações. Por conta da consultoria que dou à recém-criada Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) acabei levado para o lado de quem dá notícias para a imprensa e aí é possível observar alguns desvios de conduta no comportamento dos repórteres em geral.

Há dois problemas predominantes: a subserviência e a arrogância. No primeiro caso, o repórter se comporta como se fosse um escriba, datilógrafo ou digitador: simplesmente reproduz o que é dito pelo entrevistado, sem questionar ou contextualizar. Este tipo de repórter, em geral, é bem visto pelos políticos e empresários porque não incomoda, mas é o que mais erros comete porque lhe falta visão de conjunto. Mas como o erro é ‘a favor’ , poucos se queixam.

Já o outro tipo de repórter chega para uma entrevista ou matéria com uma pauta prévia e geralmente está apenas a procura de fatos, histórias e citações que justifiquem ou reforcem uma ideia já estabelecida. É o repórter que passa o tempo todo jogando “cascas de banana” para o entrevistado esperando que ele escorregue numa delas. Isto faz parte de uma estratégia que transforma a entrevista num interrogatório. Este tipo de repórter também comete muitos erros, mas eles são em geral gerados pelo fato de o profissional tentar acomodar os fatos encontrados à agenda que trouxe da redação.

Os dois comportamentos são igualmente equivocados do ponto de vista da informação transmitida ao público, embora nas redações o primeiro seja criticado e o segundo, elogiado. A dinâmica industrial predominante na maioria das redações é a principal responsável por esses dois tipos de distorção que acabaram se tornando tão comuns que já foram incorporados à rotina.

O desenvolvimento das técnicas de media trainning levou os entrevistados, especialmente os situados em cargos importantes ou as personalidades públicas, a usarem o contato com a imprensa como espaço para promoção pessoal ou institucional. Os inúmeros artifícios e recursos desenvolvidos por especialistas contribuíram para distorcer ainda mais o resultado de uma entrevista, pois o público acaba tendo que se esforçar para saber até onde vai a notícia desinteressada e onde começa o marketing disfarçado de informação.

Essa dúvida leva muitos entrevistados a achar que os repórteres têm sempre uma agenda oculta quando fazem uma pergunta. Com isso, tanto o entrevistador como o entrevistado se comportam como se estivessem num jogo, mais preocupados com a performance do que com a informação. Quem acaba perdendo é o leitor, que não participa do jogo e tem dificuldade para ‘ler nas entrelinhas’ — ou seja, o que não é dito formalmente pelo repórter e pela fonte.

A relação entre repórter e fonte passa cada vez mais pela desconfiança, o que provoca situações paradoxais. Os entrevistados aguardam a publicação da reportagem como se ela fosse uma espécie de veredicto. Isso faz com que o temor de ver declarações publicadas fora de contexto acaba levando muita gente e evitar o contato com a imprensa.

O jornalista, por seu lado, enfrenta um número crescente de condicionamentos ao seu trabalho por pessoas e instituições interessadas em se proteger contra o que muitos já chamam de síndrome das meias verdades. É difícil a imprensa publicar hoje uma mentira completa por temor de represálias legais. Mas são cada vez mais frequentes as meias verdades, isto é, fatos e dados sem uma contextualização adequada. É o famoso caso do copo meio cheio ou meio vazio, tudo depende do contexto em que o fato foi situado.

O fato concreto é que as entrevistas jornalísticas perderam o seu significado como ferramentas de comunicação para se tornarem exercícios de marketing institucional e pessoal. A maior preocupação, tanto de entrevistador como do entrevistado, é tentar descobrir o que o outro está tentando ocultar ou qual recado que está procurando passar de forma velada.

O resultado é que raramente ambas as partes saem satisfeitas de uma entrevista. O entrevistador porque dificilmente conseguirá tirar tudo o que desejava da fonte e esta porque normalmente critica o enfoque dado ao texto, a seleção de informações, o estilo narrativo usado e as fotografias escolhidas. Nenhuma das partes se dá conta de que uma entrevista é também um momento de diálogo entre um repórter e uma fonte informativa, no qual o primeiro tenta captar o conhecimento do interlocutor para transmiti-lo ao público.

E o segundo tem uma oportunidade rara de entender como uma informação pode ser mais bem compreendida pelo leitor, em vez de se preocupar apenas com sua imagem pessoal e encarar o jornalista como um mero transmissor de recados, ou ainda como alguém especializado no escambo informativo.

Grupo 8